terça-feira, 31 de julho de 2007

"CRESCENDO NA GRAÇA E NO CONHECIMENTO DO EVANGELHO"



A Graça é inclusão imerecida em tudo o que Deus chama bom e bem.

Desse modo a Graça nos inclui para nos acolher e nos inclui para nos enviar.

Sim! Porque a Graça é tudo. Graça é o que de Deus nos vem. E o que Dele não nos vem?

Ora, no início minha preocupação era com a dimensão inclusiva da Graça e com o poder de anulação da Lei como meio de salvação, posto que se é de Graça não decorre de Lei, conforme Paulo.

Assim, dediquei os primeiros anos dessa nova jornada ao trabalho de ajudar as pessoas entenderem essa dimensão fundamental. Penso que a maioria entendeu.

Agora, chegou a hora de avançar nas muitas e infindáveis outras dimensões da Graça de Deus em nós.

Chegou a hora da Graça do Trabalho.

Chegou a hora da Graça de dar.

Chegou a hora da Graça de si dar.

Chegou a hora da Graça de expandir dons e serviços da fé.

Chegou a hora da Graça como missão no mundo.

Chegou a hora da Graça como compromisso.

Chegou a hora da Graça como o privilégio de ser responsável.

Chegou a hora da Graça para os gratos e engajados por amor.

A Graça nos tira do lixo para o tesouro!

Mas tem gente que deseja apenas a Graça que perdoa quem está no lixo, embora não haja em tais pessoas nenhum desejo de sair de lá. Assim, a Graça salva pelo fogo, mas não derrama fogo do céu sobre a cabeça da pessoa como poder e unção.

Em outras palavras (e minha mulher e alguns irmãos do Caminho são minhas testemunhas quanto ao que direi) — chegou a hora na qual aqueles que dizem que são abençoados com o que ensino, me levem mais a sério do que nunca, pois, esse tempo todo, apenas aguardava a hora madura para iniciar essa outra viagem: a jornada na Graça como alegria de servir a Deus e ao próximo, com todos os dons da Graça que o Espírito Santo sobre nós tem derramado.

Agora é que a viagem começará a ficar linda, rica e excitante!

Você vem?



Nele, em Quem a Graça não é vã,



Caio

30/07/07
Lago Norte
Brasília

domingo, 15 de julho de 2007

"EM NOME DE JESUS - FÉ E CRENÇA"




O drama da narrativa bíblica reflete, em muitos sentidos, um árduo esforço divino para eliminar da mente humana o conceito de magia: a noção de que, através de fórmulas mágicas ou procedimentos estabelecidos, Deus ou o universo podem ser manipulados para atingirmos o objetivo que temos em mente.


Desde a primeira página, um dos traços mais distintivos do Deus das Escrituras é que ele não faz barganhas. Não há ritual ou palavra mágica que possa torcer o seu braço a fazer o que queremos. Se Deus concede o que homens lhe pedem é reflexo da sua magnanimidade e da intimidade de relacionamento que ele propõe, jamais da habilidade humana em manipulá-lo.


Essa obsessão divina em apagar da experiência humana a idéia da magia explica muito nas filigranas dos mandamentos e da Lei de Moisés. Israel não deve ter “outros deuses além de mim”, entre outras coisas, porque os deuses dos outros povos são entidades manipuláveis – aceitam suborno, dobram-se diante do ritual certo, vendem-se por um sacrifício, negociam, especulam e cedem a barganhas. Deus sabe que não é assim que o seu universo funciona, e não quer que seu povo adote essa visão distorcida do mundo. Pela mesma razão ele deita rigorosas proibições contra feitiçaria, amuletos e toda espécie de adivinhação.


Os cristãos reincidem constantemente na magia.


O próprio regime de sacrifícios não pressupõe qualquer controle mágico do mundo; as prescrições deixam muito claro que trata-se de provisão graciosa para a purificação dos pecados, e não de instrumento de manipulação. Deus faz alianças e assina contratos que beneficiam outros além de si mesmo, mas não distribui senhas ou abracadabras. No mundo dele você pode pedir, mas não pode obter o que quer por mágica, isto é, pela força e pela argúcia.


O que o Primeiro Testamento elucida o Novo escancara: Jesus passeia pelo mundo demolindo a noção essencialmente mágica de favor prestado e retribuição. Deus – explica o Filho do Homem – não distingue méritos e não rebaixa-se a troca de favores, mas “faz que o seu sol se levante sobre maus e bons”. Seus filhos não devem recorrer a repetitivas fórmulas mágicas em suas orações, “porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes”. Não é o pecado nem o bom comportamento que explicam as desgraças ou as felicidades, porque o mundo não funciona pela lógica simplista e retributiva da magia (”Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas?”).


O universo – Jesus explica – funciona pela lógica singular da graça, não pela lógica humana da magia e da retribuição. Esta é, essencialmente, a natureza da boa nova do reino: Deus não pode ser manipulado a fazer o bem que já está disposto a fazer em primeiro lugar.


Porém a magia tem um brilho sedutor, e os cristãos resvalam periodicamente nela: recorremos cheios de esperança a óleos milagrosos, profetas curandeiros, caixinhas oraculares de versículos, bibliomancia, quarentenas de oração e copos d’água. Mesmo a obsessão cristã com o domingo é essencialmente mágica, quando o Apóstolo alerta a não cairmos na velha armadilha de “dias de festa, ou lua nova, ou sábados”, coisas que “têm aparência de sabedoria e de rigor ascético (…), mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne”.


O emblema final e mais eloqüente da capitulação cristã a uma visão mágica do mundo talvez esteja no abuso, popular à náusea entre evangélicos e pentecostais, da expressão “em [o] nome de Jesus”. Orar e pedir “em nome de Jesus”, conforme prescrito no Novo Testamento, era provavelmente para ser entendido como se lê; seria orar “como Jesus oraria”, ou pedir “imbuído do espírito de Jesus”. Com o tempo, o enfoque migrou do espírito para a letra; transferiu-se da pessoa e da postura de Jesus para as palavras, imbuídas supostamente de autoridade e poderes sobrenaturais (de forma semelhante ao Shem Hamphoras da tradição judaica medieval). O conteúdo reduziu-se a fórmula, abracadabra que abre – esperamos – todas as portas.

"ADORAÇÃO QUE TRANSFORMA"



Adoração que Transforma
por Ariovaldo Ramos - http://www.ariovaldoramos.com.br/

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Co 3:18).

Deus a gente adora, isso é certo, mas como é que se adora a Deus? Proponho que nesse texto, Paulo nos aponta um caminho. Ele diz que, diferente de Moisés, a gente não precisa usar o véu sobre o rosto (2 Co 3:13), Moisés decidiu usá-lo porque o brilho da glória foi desaparecendo, e ele não queria que o povo o percebesse, isso porque o brilho dependia da exposição de Moisés à glória de Deus, o que aconteceu no Sinai, uma vez que ele não estava mais exposto, porque teve de descer do monte, teve de voltar para o meio do povo, o brilho foi, naturalmente, desaparecendo.

E, por que a gente não precisa usar esse véu? Não é porque nosso brilho é de melhor qualidade e dura mais tempo, mas, porque a gente está sempre diante da glória do Senhor, a gente não precisa ir a nenhum lugar especial para ficar exposto à glória do Senhor, a gente pode e deve estar o tempo todo diante da glória do Senhor, logo, depende só da gente, só não fica exposto à glória do Senhor quem não quiser.

E como a gente faz para expor-se e manter-se exposto? A gente já está exposto, portanto, a primeira coisa que devemos desenvolver é essa consciência, estamos sempre diante da glória do Senhor, tudo o que a gente pensa, fala e faz é diante dele. Em segundo lugar, temos de transformar tudo que pensamos ou fazemos num culto ao Senhor, conscientes de que pensando ou agindo estamos sempre diante dele, daí a gente tem de se portar de modo digno de quem está na presença do Senhor, logo, certos pensamentos e sentimentos têm de ser rechaçados de cara (Ef 4:31; Cl 3:5 a 9), porque não são dignos de quem está na presença da glória do Senhor, e tudo que a gente fizer tem de ser do jeito que Deus gosta (Cl 3:23).

O que é a glória do Senhor? É a forma como o Senhor se mostra a nós. A gente contempla a glória do Senhor e é transformado à imagem do Senhor. Porém, a gente está olhando a glória do Senhor como quem se olha no espelho e a gente se olha no espelho para se acertar, logo, contemplar a glória do Senhor é olhar para a imagem com a qual ele se nos apresenta de modo a nos acertarmos a partir dessa imagem, para ser cada vez mais parecido com a imagem que estamos vendo.

De que forma o Senhor se apresenta a nós? Segundo Apocalipse 5:6, como cordeiro, uma vez que o ancião que se aproximou de João para dizer-lhe que não precisava mais chorar, disse-lhe que o Leão da tribo de Judá havia vencido e estava apto para tomar o livro e abrir-lhe os selos, porém, quando João se levantou para ver o leão, viu o Cordeiro. Jesus, para o céu, é o Leão, mas, para nós é o Cordeiro, aliás, em Apocalipse Jesus é citado como leão uma vez e, como Cordeiro, 31 vezes. Jesus se apresenta a nós a partir de sua humilhação e apresenta a sua humilhação como modelo de vida para nós, como disse Paulo em Filipenses 2:5 a 8. Jesus sempre se apresenta a nós como Cordeiro e demanda que a gente viva, também, como cordeiro. E viver assim é que é adorar ao Senhor, e quanto mais a gente vai nessa direção mais o Espírito Santo nos transforma em gente assim, de modo que vai ficando cada vez mais natural.

E quanto mais nós, porque isso é comunitário, vamos sendo transformados à imagem do Cordeiro mais vamos sendo edificados.

"O SEMPRE E O DE VEZ EM QUANDO"


O SEMPRE E O DE VEZ EM QUANDO

Outro dia alguém pinçou uma de minhas afirmações para afirmar que eu não acredito em milagres. A afirmação que fiz foi que Deus deseja fazer algo em nós, e não necessariamente por nós. De fato, representa muito do meu pensamento: a principal obra de Deus no humano é a conformação do humano à imagem de seu Filho Jesus, que Paulo, apóstolo, chama de “primogênito entre muitos irmãos”. Mais do que fazer coisas boas para o ser humano, Deus está comprometido em transformar o ser humano, ainda que isso custe deixar ou permitir que coisas ruins aconteçam a este ser humano em processo de transformação. Deus não atua no ramo de “conforto para os fiéis”. Deus atua no ramo de transformação do humano à imagem de Jesus Cristo.

Daí a extrapolar que eu não acredito em milagres é um pulinho. Confundir a ênfase da minha teologia – “Deus faz em nós, e não necessariamente por nós”, com “Deus nunca faz nada por nós”, é até compreensível.

Na verdade, o que pretendo dizer é melhor compreendido quando se dá atenção ao “não necessariamente”: Deus deseja fazer algo em nós, e não necessariamente por nós. Sublinhe o “não necessariamente”. Isso significa que Deus pode fazer e pode não fazer, e que o fazer ou deixar de fazer é imponderável, afetado por muitas variáveis que extrapolam o nosso controle e nosso entendimento. O que acredito, portanto, é que Deus sempre deseja fazer algo em nós, mesmo quando não faz algo por nós. Deus está sempre agindo para nossa transformação, mesmo quando não atua em nossas circunstâncias.

Por esta razão, minha conclusão é óbvia e simples: não devemos pautar nosso relacionamento com Deus na expectativa de que Ele faça algo por nós, mas na certeza de que Ele deseja fazer algo em nós. Quando Ele faz algo por nós, amém, quando não faz, amém também. O que não podemos permitir é que a expectativa de que Ele faça algo por nós nos deixe cegos ou imobilizados para o que Ele quer fazer em nós.

A maioria dos cristãos baseia seu relacionamento com Deus na dimensão “por nós”: o Deus de milagres, o Deus de poder. Alguns poucos baseiam seu relacionamento com Deus no “em nós”: o Deus de amor que nos constrange a viver para Ele e não para nós mesmos, onde viver para Ele implica sempre morrer para si mesmo, tomar a cruz e meter o pé na estrada. O milagre é problema (ou solução) de Deus. A fidelidade é problema meu. Atuar em minhas circunstâncias é o imponderável do mistério de Deus. Atuar em mim é o essencial do propósito de Deus. Você escolhe a base de sua relação com Deus: aquilo que pode acontecer ou não – o milagre, ou aquilo que certamente acontece – a transformação.

"CORAGEM DE PENSAR FORA DA CAIXA"


Coragem para pensar fora da caixa.
Ricardo Gondim. www.ricardogondim.com.br

Os escritores norte-americanos Phillip Yancey, Ronald Sider, Rob Bell e Jim Wallis vêm afirmando que o movimento evangélico já não consegue responder satisfatoriamente aos desafios deste milênio.
Realmente. Na Europa pós-cristã, ele permanece periférico; nos Estados Unidos, foi absorvido pela religião civil do “Destino Manifesto” – que considera o país eleito e abençoado por Deus; na América Latina seu crescimento numérico o afasta do protestantismo clássico enquanto se condena a tornar-se uma religião popular sem práxis transformadora.
Considerando a obra de Thomas Kuhn sobre mudanças de paradigmas, “A estrutura das Revoluções Científicas”, dá para perceber como o movimento evangélico se esvazia. Para Kuhn, um paradigma enfraquece quando se torna incapaz de explicar algum fenômeno científico, mesmo que já tenha servido para nortear a pesquisa. Os paradigmas, depois de convincentemente desafiados por novas evidências, precisam sofrer mudanças.
Na tese de Kuhn, enquanto um paradigma se mostrar eficiente, as pesquisas e as descobertas são graduais e cumulativas. Porém, no instante em que as inovações deixam de ser absorvidas, as rupturas passam a ser bruscas; surgem pessoas que se atrevem a desafiar tanto os antigos conceitos quanto a noção do progresso gradual e constante do saber em direção à verdade.

Muito tem sido publicado procurando um diálogo da teologia com a historiografia, psicologia, física quântica, sociologia, antropologia e até arqueologia; novos pensadores evangélicos se revezam criticando alguns pressupostos. Segundo Kuhn, todos eles pagarão um alto preço por essa aventura; seguirão Galileu, que quase morreu quando descobriu que Júpiter tinha luas. Por derrubar a astronomia ptolomaica desacreditou também a teologia que acreditava num universo geocêntrico. A igreja defendeu seus dogmas e Galileu, para salvar a pele, precisou se retratar.

Os evangélicos tentam responder à atual crise de várias maneiras.

Com a resposta piedosa. Ressoam apelos de que os crentes precisam voltar a orar. Li no quadro de aviso de uma igreja uma convocação para que os crentes entrassem numa “maratona” de oração. O pastor queria promover um avivamento espiritual colocando sua congregação de joelhos. Vale perguntar se é preciso mais intercessão ou se não é hora de repensar o conteúdo das orações. Convivi entre os pentecostais por anos e posso afirmar, sem medo de errar, que multiplicar os “círculos de oração”; não resolverá o problema.

Com a resposta legalista. Avivalistas acusam, com dedo em riste, que “o mundo entrou na igreja”. Alguns acham que conseguirão anular o declínio ético propondo que “endurecereçamos” nos usos e costumes. Os jovens, principalmente, deveriam se arrepender do estilo de vida “carnal” que adotaram. Eles esquecem que o legalismo não tem valor nenhum contra a sensualidade e que impor tantas exigências acaba gerando mais hipocrisia.

Com a resposta ortodoxa. Já escutei líderes evangélicos afirmarem que carecemos de uma nova Reforma. Alguns buscam reavivar liturgias e paramentos de trezentos anos atrás. Os evangélicos realmente se distanciaram de várias doutrinas do protestantismo do século XVI. Contudo, seria ilusão pensar que um novo Lutero resgatará o movimento. Em um mundo globalizado, com tanta complexidade cultural, uma nova Reforma, semelhante àquela, jamais se repetirá.

Com a resposta organizacional. Principalmente os estadunidenses tentam manter suas igrejas pelo viés da administração eclesiástica. Eles acreditam que a fé voltará a ser relevante com uma liturgia mais “amigável”, com uma mensagem mais contemporânea, com bons estacionamentos e criando redes ministeriais.

Diante da crise, acredito ser preciso fazer um novo “dever de casa”; admitir que urge começar a pensar fora da antiga caixa e ter coragem de enfrentar novos desafios.

Para essa tarefa, proponho que a Graça volte a ser pedra principal da espiritualidade cristã e que o exercício teológico leve, até as ultimas conseqüências, o amor gratuito de Deus; que se enfatize que Ele não faz acepção de pessoas; que se reverta a tendência de transformar as igrejas em “Bingos” onde muitos buscam milagre e poucos recebem benção. Por último, é preciso aprender a pensar globalmente. Não é possível continuar apostando que Deus prospera os crentes que gostam de supérfluos e desprezar os miseráveis dos campos de refugiados africanos e das periferias urbanas brasileiras.

Junto com o enfraquecimento de um paradigma tanto existe o desafio para que saiamos do quadrado e demos um salto qualitativo, como a possibilidade de nos condenarmos ao anacronismo.
A decisão está em nossas mãos.

Soli Deo Gloria.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

"DEUS HABITA ENTRE QUE LOUVORES?"

DEUS HABITA ENTRE QUE LOUVORES?


Deus habita nos louvores de Seu povo.

No entanto, tais louvores não são cânticos como cânticos, mas adoração proveniente de corações quebrantados e contritos.

O louvor no qual Deus habita é toda expressão do ser (do coração) tomado de amor e gratidão; e que faz isso em humildade e simplicidade, pois, Deus não se “empolga” com cânticos sem coração, posto que o único instrumento que faz a voz do homem ouvida por Deus é o coração.

Deus habita entre louvores como louvor de passarinho.

Sim! O louvor que agrada a Deus é aquele que se assemelha à gratidão de passarinhos cantantes — só que como somos humanos, seria como o cantar de passarinhos conscientes da Graça que lhes trás provimento todos os dias.

Assim, quando se diz que Deus habita entre os louvores de Seu povo, não se fala de outro povo que não o povo quebrantado e contrito, e que louva não como o faziam os soldados de Alexandre, o Grande, ou de César, ou de qualquer outro conquistador.

O louvor a Deus é o gorjeio da alma simples e grata!

Na gritaria de canções para “Deus” que se assemelham à jactância dos que ganharam porque derramaram o sangue do inimigo, Deus mesmo não está.

Podem-se ajuntar milhões cantando e gritando, mas, se neles não houver a singeleza do louvor do gorjeio dos passarinhos, tais vozes não chegarão ao coração de Deus.

O louvor que enche o coração de Deus é simples, quebrantado, singelo, espontâneo, e não conhece performance.

O que passar disso é apenas exercício vocal feito pelo entusiasmo da carne e estimulado pela ufania da religião que diz: “Cante; pois Deus gosta de música e de canções que digam que “Ele” é o “máximo”.”.

Bobagem!


Caio

13/07/07
Lago Norte
Brasília

terça-feira, 10 de julho de 2007

"O DEUS DOS CRENTES"


O “Deus dos crentes” é inseguro, ciumento, invejoso e arrogante. Não é justo e nem injusto; depende, pode ser e pode não ser; depende da barganha a oferecer.

O “Deus dos crentes” leva dinheiro a sério para Si mesmo. Ele não aceita esse negócio de ser o dono do ouro e da prata na natureza, e não ser também o grande Banqueiro da Terra.

Onde já se viu? Inventarem uma referência de valor e Deus não ser o dono? Que negocio é esse? Jamais! Que coisa é essa do dinheiro ficar na mão de outros? O “Deus dos crentes” diz: “Não inventei isso, mas já que existe e vale, é meu!”.

Na realidade o “Deus dos crentes” fica feliz quando os Seus representantes e cobradores de impostos declaram em Seu nome que Deus mandou dizer que quer dar dinheiro pros crentes que não forem miseráveis, pois, Ele só dará para quem der a Ele. Mas não explica porque a grana do mundo não está nas mãos dos crentes; e nem tampouco porque Ele tem que tirar o dinheiro do mundo de circulação secular, e fazendo todo o fluxo da economia vir apenas para as mãos dos crentes; os quais, não têm dinheiro.

Foi por essa razão que o “Deus dos crentes” teve que inventar um mover novo; no qual os crentes ficam sabendo que eles é que são os responsáveis por Deus ter ou não dinheiro nesse mundo, conforme a nova revelação do Deus desejoso de que o monopólio do dinheiro do mundo fique nas mãos dos crentes; e, assim, o mercado se equilibre.

“Já pensarem Deus com dinheiro?” — perguntam os Seus fiscais de renda.

Ora, temos bons exemplos de Deus com dinheiro, e de Deus sem dinheiro. Ora, Deus sem dinheiro fica fraco e vira Jesus. E isso o Deus dos crentes não quer nunca mais, e pede aos crentes que o salve de tal humilhação. Já o Deus dos crentes com dinheiro, ah, nesse caso, Ele fica poderosos, mais poderoso que o diabo.

Deus nunca teve dinheiro. Mas nos últimos dois milênios Ele resolver acabar com essa miséria. Assim surgiu o Deus dos crentes. E se alguém quiser mais informações sobre isto, basta ver como Deus foi com dinheiro nesses últimos dois mil anos de “Deus Rico”.

Ora, com grana o “Deus dos crentes” é um Deus surtado. Sim! Ele, que não estava acostumado se não a nada, a tendas, a tabernaculos, a peregrinações livres, e, sobretudo, às incertezas do vento, agora, depois do dinheiro, surtou — surtou com Salomão, com Herodes, o Grande, com Constantino, com os poderes reais do Cristianismo, e, por último, com a prosperidade dos protestantes.

Ora, entre os últimos surgiu um grupo que mais do que qualquer outro, ambiciona por Deus. De fato eles dizem que querem dinheiro para Deus. Outros dizem que o dinheiro é de Deus; e, portanto, se tal grana não estiver no bolso-gaso-falácio da divindade, certamente estará no banco do inferno dos bolsos desigrejados.

Assim, para quem não sabe, o gaso-falácio é o bolso de Deus!

E mais: o “Deus dos crentes” só aceita dinheiro no bolso Dele. No dos outros não é Dele.

Dessa forma o “Deus dos crentes” quer abrir todas as filiais de arrecadação possível. E quem desejar agradá-lo, esforce-se para fazer a franquia que Deus lhe deu tornar-se a mais lucrativa possível. Afinal, o “Deus dos crentes” estabeleceu que o serviço a Ele só pode ser medido em volumes financeiros, de modo que um fiscal que não faça seu posto de cobrança divina crescer, esse não serve para servir ao “Deus dos crentes”.

O “Deus dos crentes” enfim conseguiu alguns bons testemunhos modernos da devoção que Ele busca; e diz: “Viram os servos presos ou acusados de lavagem de dinheiro e de apropriação indébita? Esses são os fieis que fazem toda a minha vontade.”.

Sobre o Seu desejo de ficar com tudo, Ele diz: “Pois, bem — quem disse daí a César o que é de César, estava enganado; pois, as minhas ordens sempre foram outras, posto que para mim o que é de César tem que ser meu. Afinal, como posso eu competir com os poderes de César se ele tem mais dinheiro e poder do que eu?”.

O “Deus dos crentes” teria que fazer umas re-interpretações acerca desse Impostor chamado Jesus; e que um dia tendo tido Sua confiança, mas que, ao chegar aqui, surtou geral.

Então... — nasceu de gente humilde e sem nome, foi parido ao relento e posto para estar numa caverna onde bois dormiam (talvez esse negócio de dormir com bois o tenha deixando vendo boi dormir...); e, adulto, foi sempre escolhendo o lado errado, a começar da identificação “dele” com seu primo pobre, um certo João que batizava, e que só se sentia bem comendo gafanhotos e se vestindo à moda brega de Elias.

Daí pra frente foi uma tragédia só. Sim! Pois o enviado traiu quem o enviou e, assim, fez tudo diferente. Até nas tentações “ele” foi tolo; e, assim, não percebeu que aquilo ali não era tentação, mas sim uma oportunidade mandada por Deus.

Mas o tal Jesus estava tão surtado e tão disposto a fazer apenas o que lhe estava na consciência, que nem viu que o diabo era um anjo; e que as três ofertas eram dons divinos — transformar pedras em pães, cometer suicídio devocional no Pináculo do Templo, e aceitar todos os poderes e dinheiros do mundo, e, desse modo, agilizar as coisas de Deus na terra.

Assim, o “Deus dos crentes” pergunta na Epístola de São Judas Traidor: “Já pensarem se “Jesus” tivesse visto que o diabo era o meu mensageiro e que as ofertas não eram tentações, mas oportunidades? Sim! Já pensarem onde nossa causa estaria se “ele” não tivesse estragado tudo?”.

O “Deus dos crentes” sofreu um amadurecimento. A experiência com Jesus o traumatizou. Essa foi a razão Dele ter trocado Cristo por Constantino, e a igreja-povo pela Igreja-Estado, e os servos humildes pelos senhores arrogantes.

Agora o “Deus dos crentes” não comete mais esses erros. Não! Ele só manda quem entende o diabo e vê nas tentações as melhores oportunidades!

Num país como o Brasil, o “Deus dos crentes” diz: “Imaginem-me sem a Record? Imaginem-me sem os meus servos que lá fielmente me atendem? Imaginem-me todo esse poder que agora tenho? O que seria de mim? Aleluia, digo eu, pelos meus servos esforçados, e que arrecadam todo o meu dinheiro! E como são fieis e lidam com dinheiro melhor do que eu (essa é uma coisa nova pra mim, diz o senhor!), entreguei meus bens a eles; e eles só os aumentam; e, por isso, dou graças a mim mesmo por eles terem ficado livres das maldiçoes hereditárias do Jesus simples e pobre, e também por devidamente terem reconhecido e abraçado o Cristo Rei, o qual veio como inspiração do meu amado e fiel Constantino!”

Assim, diz o “Deus dos crentes”: “Lutem meus filhos, pois, infelizmente, essa praga chamada Evangelho ainda insiste, e o surto de Jesus continua a ter muitos seguidores! Lutem! Pois essa praga tem que ser tirada da terra!”.

Desse modo, o “Deus dos crentes” está muito feliz. Tudo está dando certo para Ele depois que Ele acabou com essa briga que Jesus inventou com o diabo; e, assim, devidamente reconciliado com sua criatura favorita, o “Deus dos crentes” diz: “Quem bom! Agora a casa não está mais dividida. Aquele tal de Jesus quase acaba comigo. Mas “nós” vencemos!”.

Por isso é que um de Seus profetas, um tal Isalamias, diz: “Vinde comer e beber, vinho e leite, mas não esqueçam de trazer o dinheiro, pois, de graça, aqui não se oferece nada. Sim! Vinde todos. É caro mais vale a pena!”

Por essa razão Charles Baudelaire teria dito: “O ‘Deus dos crentes’ é o diabo!” Ora, e ainda há quem o chame de herege.

Eu vejo isso e digo: Sai “Deus dos crentes”! Sai em nome de Jesus. Sai daí, do meio do povo de Jesus. Sai espírito do anti-Evangelho!



Caio

09/07/07
Lago Norte
Brasília

II Encontro de Mentores das Estações do Caminho da Graça